domingo, 23 de abril de 2017

Provincia do Cunene

O nome Cunene (ou Kunene) significa no idioma local “lado direito” e o nome refere-se ao lado direito do rio.

O último rei Kwanyama, o célebre Mandume, na defesa do seu território enfrentou o poderio militar dos portugueses já na primeira década do Séc XX.

A província do Cunene foi fundada no dia 10 de Julho de 1970. A história da região do Cunene não é muito conhecida no que se refere ao passado mais distante.
Os historiadores referem que os povos bantu que hoje predominam no território terão vindo provavelmente da Africa Oriental e formaram estados mais ou menos centralizados onde, a partir do século XIX, ganhou importância o comércio de marfim e de escravos, que proporcionou, entre outras coisas, a introdução de armas de fogo.

Mas foi também a partir dessa época que o território se tornou cobiçado por portugueses, ingleses e alemães, e, mais tarde, por sul-africanos.

Foi já com os sul-africanos a administrar a colónia do Sudoeste Africano (antigo nome da actual Namíbia), que foi fixada a fronteira definitiva de Angola na parte sul, que segue em linha recta entre os rios Kubango e Cunene, no ano de 1926.

Entretanto, os portugueses haviam conquistado o último reino bantu que passou a integrar o território angolano – o Kwanyama – após a célebre batalha de Môngua. Talvez por tal razão, no imaginário dos angolanos Cunene hoje ainda está ligado a Kwanyama. Mas os Kwanyama representam apenas um subgrupo do grupo etnolinguístico dos Ovambo, que habitam também no norte da Namíbia e ficou, assim, dividido pela linha de fronteira.
Este factor de ordem étnica e cultural, a continuidade morfológica do território, as semelhanças ambientais, o uso comum das águas do rio Cunene e a história recente fazem com que a vida económica e social das populações da província do Cunene seja hoje bastante influenciada pela Namíbia e, em particular, pelas populações do norte desse país. A aprendizagem de novas técnicas e de ofícios como pedreiros, serralheiros, electricistas, motoristas, entre outros, reflectem tal influência.

Para além dos Ovambo, representados em Angola principalmente pelos Kwanyama e Ombadja, habitam a província outros povos de diferentes grupos etnolinguísticos.
Em importância numérica seguem-se-lhes os Vahumbi (ou Nyaneka-Humbi, como alguns autores os designam), que habitam tradicionalmente a província da Huíla mas estão representados no Cunene por alguns subgrupos como os Vandonguena, Vahinga e Vahanda, e que são igualmente agropastores e aparentados com os Ovambo, distinguindo-se no entanto pela língua, por aspectos culturais (festas, ritos, danças), pelas formas de vestir, pelo uso de diferentes técnicas (construção, agricultura).

Na parte sudoeste da província (Kuroca e Kahama) encontram-se também subgrupos do grupo Vahelelo (Va-ximba, Va-ndimba e Vakuvale), que são fundamentalmente pastores. Ainda no século XIX chegaram ao território populações Chokwe, mais tarde Ngangela e, nas últimas décadas, Ovimbundu, com especial incidência depois do início da guerra civil.

Todas estas populações dedicam-se fundamentalmente à agricultura e os últimos, como se verá adiante, também ao comércio. Alguns milhares de pessoas de grupos não-bantu habitam também no Cunene e dedicam-se fundamentalmente a actividades de recolecção.
Como em toda a Angola, a população original da província era constituída por Khoisan (em linguagem corrente muitas vezes chamados “bosquímanos”) cujo espaço foi progressivamente ocupado por povos bantu, no decorrer de uma migração que alcançou a região provavelmente entre os séculos XVI e XVII. Devido às suas condições geográficas e ecológicas, esta região nunca chegou a ser densamente povoada. Os Kwanyama tiveram, porém, no século XVIII uma “massa crítica” suficiente para constituir uma unidade política (um “reino” na terminologia colonial) com bastante estabilidade.

No século XIX, no quadro da “corrida europeia para África”, as áreas ao sul e norte do rio Cunene suscitaram o interesse não apenas de Portugal, mas também da Inglaterra e da Alemanha. Esta última obteve na Conferência de Berlim o território da Namíbia de hoje, que a norte tem como limite o rio Cunene. Portugal, na altura ainda com pouca presença na região, apressou-se a conquistar a área a norte do rio, conseguindo o seu objectivo só em meados dos anos 1920, depois de uma acirrada resistência da parte dos Kwanyama. 

O facto de o rio Cunene tornar-se assim uma fronteira entre duas colónias pertencentes a duas potências coloniais diferentes não impediu a população Ovambo, dividida por esta linha, de continuar a manter laços estreitos com os seus congéneres da respectiva outra margem.
Esta ligação se manteve até hoje, com intensidade variável. Os habitantes da província envolveram-se relativamente pouco na luta pela independência de Angola, mas os Kwanyama conseguiram na fase final da ocupação colonial um empenho algo maior de Portugal no desenvolvimento da sua área, p.ex. pela criação de mais escolas. Desde a independência, a população da província encontra-se num processo de integração social e política que varia bastante de grupo para grupo.

O Cunene tem um clima semi-desértico,tropical seco;megatérmico, comuma pluviometria irregular não excedendo aos 600 mm por ano. A temepratura média anual é de 23 graus centrígrados, com grandes amplitudes térmicas diárias. A maior concentração de quedas pluviométricas regista-se entre os meses de Dezembro à abril com grandes irregularidades na sua distribuição.


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Esta árvore-símbolo de Angola, também conhecida como baobá, tem seu exemplar mais magnífico no Cunene, localizado na região do Péu-Péu, município de Ombandja.
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Situado a nordeste da província, ocupa uma área de 660.000 hectares. Foi considerado como reserva de caça em 16 de Abril de 1938, mas hoje dedica-se à preservação das espécies. Em seu território pode-se encontrar girafas, rinocerontes, zebras, elefantes, avestruzes, leões, palancas vermelhas e impalas. O parque fica temporadas sem abrir ao público
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Situadas na barragem, ao lado da fronteira com a Namíbia, essas quedas d?água do rio Cunene lançam-se num desnível de cerca de 100 metros, gerando uma fascinante paisagem.
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Localizadas na região do Kuroca quase na fronteira com a Namíbia, essas cachoeiras são impressionantes e encantam os visitantes.
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Situa-se no município de Namacunde, 42 km ao sul da cidade de Ondjiva, local onde repousam os restos mortais do rei Mandume. Com atendimento ao cliente 24 sobre 24 horas, em sua estrutura possui creche, restaurante, sala de conferência com capacidade de albergar 300 pessoas e 10 bangalôs com capacidade para 20 pessoas, WC privativos, ar condicionado, tv por satélite e água. Estão disponíveis jangadas para os passeios dos visitantes.
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Centro político do reino kwanhama, este é o local onde viveram e estão sepultados os 11 reis da região, excepto Mandume que, por não estar circuncidado na altura, viveu e morreu em outra embala.
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No passado colonial, serviu de base militar para ataques e ocupação das áreas do sul do Xangongo. Está localizada no município de Ombandja, na margem direita do rio Cunene.
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Marco que significa a memória dos colonizadores, tombados quando da travessia do rio Cunene devido à resistência dos angolanos.
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Marco dos grandes combates do rei Mandume, auxiliado pelo rei Tchetekela do Cuamato, contra os portugueses, no século XIX. Situado a sul de Xangongo.
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